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TCCs empreendedores e as dificuldades em viabilizá-los

Autor: Armando Terribili Filho da IMPARIAMO®.

 

Nos últimos sete anos de atuação como docente, tenho orientado Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) – uma experiência vibrante e enriquecedora nas áreas de Administração de Empresas e Tecnologia da Informação. Realizar a orientação de um TCC exige do orientador, além de conhecimento do tema, dedicação, empenho, vontade de pesquisar, habilidade para estimular e incentivar os orientandos no desenvolvimento de um trabalho de qualidade.

Das dezenas de trabalhos que orientei, aprendi muito sobre os mais variados temas, como religiões, empresas familiares, gestão de clubes de futebol, ferramentas de Business Intelligence, tecnologia RFID, culinária, trabalho na modalidade de Home Office, e-learning, dentre outros. O aprendizado adquirido é decorrente do compromisso que todo orientador deve ter com seus orientandos: pesquisar sempre!

Dos trabalhos orientados, destaco cinco que estiveram mais fortemente ligados ao empreendedorismo, pois envolveram a elaboração de um Plano de Negócios, com todos os componentes para criação de uma empresa: definição do produto/serviço, análise de demanda do mercado e da concorrência, definição da missão e visão da empresa, estrutura organizacional, elaboração de plano de marketing, de plano financeiro, do plano de implantação, análise de riscos e oportunidades, etc.

O primeiro trabalho que qualifico como interessantíssimo foi a criação de uma empresa de consultoria para a gestão de clubes esportivos. Os orientandos, idealistas e amantes do futebol, realizaram uma pesquisa de campo com análise das três dimensões envolvidas: empresários esportivos, jogadores e jornalistas.

Um segundo trabalho de destaque foi a criação de um curso pré-vestibular com inovações tecnológicas e metodológicas. Este trabalho, de forma criativa e ímpar, preocupou-se com a integração das novas tecnologias disponíveis com métodos e práticas pedagógicas; para tanto, os orientandos do curso de Administração de Empresas pesquisaram sobre os principais educadores, analisando como adequar suas filosofias didáticas à Internet, chats e biblioteca virtual.

Um terceiro trabalho a ser mencionado foi a criação de uma empresa que se propunha a utilizar a tecnologia RFID para pagamento em postos de combustíveis. A tecnologia RFID trabalha com rádio frequência, como o “Sem Parar” existente em pedágios de estradas e estacionamentos de shoppings centers e aeroportos.

Um outro TCC marcante foi a criação de uma Praça de Alimentação Virtual, englobando um site com informações sobre nutrição e valor dos alimentos – um buscador de restaurantes com base no CEP e alguns parâmetros fornecidos pelo usuário.

O quinto TCC de muita criatividade, ousadia e pesquisa, porém, criticado por alguns por considerá-lo bizarro, foi a criação de empresa relacionada a serviços de velório, com salas individualizadas com simbologia adaptada à religião da família do finado, ambiente com salas de apoio para pessoas idosas, serviços de vallet, coffee-break, apoio médico e psicológico. A empresa também se propunha a tratar não só dos cerimoniais e divulgação pela mídia, como também dos aspectos burocráticos relacionados à documentação junto a órgãos públicos.

Todos, sem exceção, exigiram pesquisas de legislação, mercados, potenciais clientes e fornecedores. Pesquisas teóricas realizadas em livros, sites e revistas especializadas, e pesquisas de campo quantitativas e qualitativas, através da aplicação de questionários ou da realização de entrevistas com pessoas e profissionais que estavam direta ou indiretamente relacionadas ao sucesso do empreendimento.

Dos cinco trabalhos mencionados, de outros que orientei e de bancas que participei, noto que a originalidade, a criatividade e, em alguns casos, a ousadia estão sempre presentes. Trabalhos bem-estruturados, com conteúdo de alta qualidade, com evidências de viabilidade legal, técnica, mercadológica e financeira dos empreendimentos propostos e que, no entanto, não foram implementados.

E neste aspecto, deixo alguns questionamentos para nossa reflexão. Por que será que estes planos não saem do papel? Por que não são implementados, se já se mostraram viáveis? Falta de patrocínio financeiro? Inexperiência? Riscos elevados? Será que não seria o momento de instituições públicas e privadas apoiarem o “novo empreendedor” e “novos empreendimentos” nascidos na área acadêmica? Não será este o caminho de uma profissionalização de produtos e serviços com alto nível de competitividade no mercado global?


Notas:

  1. É permitida a reprodução desse artigo, desde que citado o autor e a fonte (Impariamo® Cursos e Consultoria).
  2. Artigo originalmente publicado no site Meta Análise.

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