Home Office é avanço ou só redução de custos?
Autor: Armando Terribili Filho da IMPARIAMO®.
Ultimamente, muito se tem falado e discutido sobre Home Office nas corporações no Brasil. O termo Home Office traz em si, um sentido de modernidade, de inovação e de aplicação de tecnologia; entretanto, o que se indaga é se o Home Office trouxe efetivas melhorias para os profissionais e para as empresas.
Conceitualmente, os benefícios tangíveis obtidos com a adoção do Home Office são incontestáveis, pois não há locomoção física do profissional ao local de trabalho, representando eliminação do tempo despendido no transporte, economia de combustível, redução dos níveis de poluição do ar, além de outros benefícios indiretos, como maior disponibilidade de tempo para o profissional, possibilitando uma maior proximidade com sua família e de flexibilização no horário de trabalho. As empresas, por sua vez, podem ter escritórios mais compactos, com consequente redução nas despesas relativas à área ocupada.
Do ponto de vista de desempenho do profissional, o Home Office pode ser extremamente positivo, sobretudo para a realização de atividades profissionais individualizadas que exijam concentração, com ganho significativo de produtividade. O lado desfavorável para o profissional é a perda do contato com os colegas, do convívio social, bem como, da troca de vivências e experiências profissionais, momento em que o processo de aprendizagem é facilitado. Algumas ferramentas tecnológicas podem amenizar parte destas lacunas, como: chats, e-mails, softwares para tráfego de voz sobre IP, softwares para envio/recebimento de mensagens instantâneas, além dos tradicionais serviços de fax, telefonia fixa e móvel.
A questão da infraestrutura não pode ser negligenciada quando da criação de um Home Office. Há empresas no país que fornecem a seus profissionais apenas um notebook, um telefone celular e um canal de banda larga para as comunicações como instrumental de trabalho; porém, para se estabelecer um Home Office há necessidade da criação de condições ambientais e estruturais para o adequado desenvolvimento das atividades profissionais, seja em termos de fornecimento de móveis como disponibilização de materiais de escritório.
Outro aspecto que não pode ser esquecido na implementação do Home Office é o cultural. Há profissionais que, por falta de disciplina e método, trabalham em casa um número de horas diárias muito maior que nos escritórios, negligenciando os horários de alimentação, e por vezes, o de sono também.
A própria família também deve ser preparada para o Home Office, pois, pode haver confusão entre “a presença do pai ou da mãe em casa” e “sua disponibilidade para a família”.
Desta forma, a implementação de Home Office envolve avaliações na esfera pessoal, profissional, empresarial e cultural. As empresas não deveriam considerar somente os aspectos de produtividade do profissional e de redução de custos como os dois fatores determinantes para implantação de Home Office, mas sim, preparar o profissional para esta nova modalidade de realização de trabalho.
Este preparo deve envolver o fornecimento de infraestrutura compatível com as necessidades existentes, realização de palestras esclarecedoras, a fim de propiciar um rápido entendimento e fácil adaptação do profissional. Acrescidos a isto, as organizações deveriam estimular a realização periódica de atividades em grupo na empresa, fortalecendo o espírito de equipe e possibilitando que o profissional “vista a camisa da empresa”, em um contexto moderno e de confiança mútua.
Notas:
- É permitida a reprodução desse artigo, desde que citado o autor e a fonte (Impariamo® Cursos e Consultoria).
- Artigo originalmente publicado no site da Revista Info Corporate e republicado no livro “Gerenciamento de Projetos em 7 Passos” (Editora M.Books, São Paulo, 2011 – reimpressão Editora Alta Books, Rio de Janeiro, 2024), p. 235-236.
- Artigo escrito antes da pandemia COVID-19, que trouxe significativas mudanças nas relações de trabalho (presencial e online).