Gestão de prazos em projetos: SPI ou Prazo Agregado?
Autor: Armando Terribili Filho da IMPARIAMO®.
Há muitas discussões acerca da Gestão de Prazos em Projetos, sobretudo, sobre as ferramentas para indicar a situação do projeto em termos de atrasos, adiantamentos ou em dia.
Quais são as alternativas que temos? Utilizar o SPI (Schedule Performance Index)? Prazo Agregado? Indicador criado na organização?
O SPI – Índice de Desempenho de Prazos
Muitos defendem o SPI (Schedule Performance Index) que em português representa o IDP (Índice de Desempenho de Prazos), apresentado no Guia PMBOK do PMI. Esse indicador é sempre maior que zero, representando:
As discussões e os questionamentos sobre o SPI são inúmeros. Há algum tempo escrevi um artigo específico sobre esse tema (8 Verdades e Mentiras sobre o SPI – clique aqui), mas destaco os três aspectos principais de críticas:
-
- Caminho Crítico / Interdependência de Atividades – o SPI ou IDP não considera o Caminho Crítico do Projeto tampouco a Interdependência de Atividades, ou seja, um resultado altamente favorável (>1,00) pode não indicar necessariamente que o projeto está adiantado. Representa que foi feito mais trabalho do que o planejado, mas não necessariamente que foi feito o que “deveria ter sido feito”.
- Projeções de tempo para conclusão do projeto – são totalmente imprecisas, servindo apenas como um balizador; inclusive, pode haver casos que o prazo projetado para conclusão se mostra inferior ao prazo já transcorrido.
- Projetos que já ultrapassaram o prazo planejado – todos os projetos com atraso têm o SPI aumentado a cada nova medição, indicando equivocadamente que o projeto melhora em termos de prazo, se aproximando de 1,00. Pasmem, quanto mais o projeto atraso para seu encerramento, mais o indicador vai melhorando! Aliás, todo projeto que termina após o prazo planejado sempre é concluído com SPI = 1,00.
Por essas (principais) razões, o SPI tem pouca credibilidade nas organizações. Segundo especialistas, o SPI mostra-se útil até o projeto ter um avanço de cerca de dois terços (66%), depois disso, torna-se um indicador perigoso nas interpretações e para a tomada de decisões.
O Prazo Agregado
Foi nesse contexto de incertezas que surgiu o Prazo Agregado. O Prazo Agregado não é um indicador, mas uma posição de avanço de projeto na linha do tempo; assim, se um projeto tem duração de 14 meses, o Prazo Agregado sempre será um número entre 0 e 14, pois mostra a posição do projeto no tempo.
Por exemplo, se esse projeto tem Prazo Agregado = 8,5 e nós terminamos o mês 7 (calendário) isso representa que o projeto está adiantado em 1,5 mês (decorre de Prazo Agregado – Calendário, ou seja, 8,5 – 7,0) . Se o projeto ficar paralisado por 4 meses, então teremos o mesmo valor do Prazo Agregado (8,5, pois nada foi feito nesse período de paralisação) e o calendário estará com 11 meses, ou seja, o atraso no projeto é de 2,5 meses (decorre de 8,5 – 11,0).
Se por um lado, o Prazo Agregado nos traz conforto quanto a solução de alguns problemas que o SPI apresenta, por outro lado, traz consigo algumas heranças do SPI, pois também trabalha com o conceito do Earned Value, não considera o Caminho Crítico tampouco a Interdependência de Atividades.
Caso tenha interesse em ver como se calcula o Prazo Agregado, acesse o vídeo: clique aqui.
Indicadores no Mercado
Muitas organizações criaram seus próprios indicadores de prazo de projeto, com base nas atividades planejadas e no avanço das mesmas. Por incrível que pareça, há muitas alternativas com critérios distintos e particularidades em função de tipo de negócio, cultura da empresa e nível de maturidade em gerenciamento de projetos (por exemplo, a utilização do conceito de work completion para atividades iniciadas e não-concluídas).
Um indicador que se mostra popular é um quociente entre dois percentuais. No numerador, o percentual de avanço e no denominador, o percentual planejado até a data. A escala é exatamente a mesma do SPI (apresentada no início desse texto). Você pode estar se perguntando, mas isso não seria o próprio SPI? A resposta é não, pois cada empresa calcula de uma forma diferente seu percentual de avanço, não usando necessariamente o Earned Value do SPI. Por exemplo: há empresas que calculam o avanço com base no número de atividades, há empresas que atribuem pesos para atividades do Caminho Crítico, há empresas que dão tratamento específico para atividades em paralelo e assim por diante.
Para nossa reflexão
É difícil encontrar um indicador de Gestão de Prazos em projetos que seja preciso, confiável e que possibilite projeções de tempo. Muitos criticam o SPI pelas razões aqui mencionadas; outros afirmam que o Prazo Agregado é útil, porém além de não ser um indicador, ainda tem os mesmos problemas conceituais do SPI. Há ainda aqueles que criticam os indicadores caseiros pelas particularidades (dificulta a generalização), falta de robustez conceitual e até pessoalidade. De qualquer modo, o que os críticos esquecem que é melhor ter algo impreciso e não muito confiável do que não ter nada! Como disse Walt Disney (1901-1966):
“A melhor maneira de iniciar é parar de falar e começar a fazer!”
Portanto, meus amigos, mãos à obra!
Nota:
É permitida a reprodução desse artigo, desde que citado o autor e a fonte (Impariamo® Cursos e Consultoria).