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Comunicação Não-Violenta

Autor: Marshall B. Rosenberg
São Paulo:  Ágora, 2006
ISBN: 978-85-7183-826-0
Total de páginas: 285

Livro escrito pelo psicólogo norte-americano Marshall Bertram Rosenberg (1934-2015), nascido em Ohio. Esse livro tem seu título original “Nonviolent communication: a language of life”, lançado em 1999, tornou-se um bestseller na área, pois segundo site da Amazon, o livro foi traduzido para mais de 30 idiomas e já foram vendidos mais de 1 milhão de exemplares. O subtítulo do livro é “Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”.

Uma ótima definição de Comunicação Não-Violenta (sigla CNV que é usada no livro), nos é dada por Rosenberg na página 11: “A CNV se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas“.

O autor destaca que há três formas de bloqueios: (1) Julgamentos Moralizadores (subentendem a natureza errada ou maligna das pessoas que não agem em consonância com nossos valores) e são apresentados por meio de culpa, insulto, depreciação, rotulação, crítica, comparação ou diagnósticos; (2) Negação de Responsabilidade seja pela nossa condição, histórico pessoal ou psicológico, ação dos outros, ordens autoridade, forças vagas e impessoais, pressão do grupo, políticas, regras e regulamentos, papéis pelo sexo, idade ou posição pessoal, impulsos incontroláveis, etc.; (3) Comunicação de nossos desejos na forma de exigências.

A CNV se constitui de dois componentes: (1) expressar-se com honestidade e (2) receber com empatia. Nas duas situações, sempre por meio dos quatro elementos definidos por Rosenberg: observação, sentimento, necessidades e pedidos.

No primeiro elemento (observação), a recomendação do autor é que ao invés de efetuarmos avaliação que traz críticas, bloqueios e resistências, que optemos pela observação. Um exemplo apresentado do livro por meio de duas frases: “Zequinha é um péssimo jogador de futebol” e “Zequinha não marcou nenhum gol nas últimas dez partidas”. Na primeira frase, uma avaliação. Na segunda, apenas observação.

Para o segundo elemento (sentimento), o autor recomenda que distingamos os “sentimentos” dos “não-sentimentos”, pois na verdade são pensamentos, avaliações ou interpretações. A importância em se distinguir o que sentimos daquilo que pensamos, para que possamos expressar nossos sentimentos. Um exemplo do livro de um não-sentimento: “Sinto que sou um mau violonista”. É na verdade uma avaliação e não um sentimento. O fato de ser utilizado o verbo “sentir” não implica em demonstração de sentimento. Um exemplo de sentimento seria: “Estou me sentindo desapontado comigo mesmo como violonista”.

No terceiro elemento (necessidades), o autor afirma que devemos assumir a responsabilidade por nossos sentimentos, pois nossas necessidades estão atrás dos nossos sentimentos. Explica os três estágios: o primeiro é a Escravidão Emocional, quando vemos a nós mesmos como responsáveis pelos sentimentos dos outros. No segundo estágio (Ranzinza), sentimos raiva, pois não queremos ser mais ser responsáveis pelos sentimentos dos outros. Finalmente, no terceiro estágio (Libertação Emocional) assumimos a responsabilidade por nossas intenções e ações.

Para o último elemento (pedido), o autor esclarece que pedido é completamente diferente de “exigência”, ressaltando que devemos formular pedidos em linguagem clara, positiva e de ações concretas – revelando o que realmente queremos. Para distinguir um pedido de exigência, devemos observar “o que” quem pediu fará se a solicitação não for aceita. Rosenberg destaca que se for uma “exigência”, quem fez a solicitação julgará, criticará ou tentará fazer a outra pessoa sentir-se culpada.

A segunda parte do livro, aborda a “Empatia“, que trata da aplicação dos quatro conceitos da CNV (observação, sentimento, necessidades e pedidos) não na auto-expressão, mas em relação ao outro, ou seja, “prestar atenção em como os outros estão observando, sentindo, precisando e pedindo. Define empatia como sendo “a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo” (página 133).

Faz diversas e úteis recomendações, como: perguntar antes de oferecer conselhos ou estímulo; estar atento às necessidades dos outros e não no que eles estão pensando de você; parafrasear quando isso trouxer alguma contribuição; emitir uma mensagem difícil pode se tornar uma oportunidade de enriquecer a vida de alguém. O autor destaca ainda que uma pessoa recebeu empatia quando: há um alívio da tensão ou fluxo de suas palavras chega ao final. O poder da empatia, segundo o autor, traz maior conexão conosco mesmos, promovendo o autodesenvolvimento e crescimento pessoal, ressaltando que qualquer escolha que façamos, devemos estar conscientes da necessidade que ela atende.

“Quanto mais escutarmos os outros, mais eles nos escutarão” (página 209). Assim, sabendo nos expressar e escutar de forma empática, entendendo o outro, abriremos caminhos para um convívio melhor, para negociações com resultados mais positivos, para solução de conflitos na esfera pessoal e profissional, para nos transformarmos em seres humanos melhores, mesmo em condições adversas (que no fundo, é a própria definição da CNV).


Notas:

  1. É permitida a reprodução dessa resenha, desde que citado o autor e a fonte (Impariamo® Cursos e Consultoria).
  2. Resenha de autoria de Armando Terribili Filho.

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